terça-feira, 24 de agosto de 2010

Sobre o fim


Acabaram os argumentos.
Devanear sobre o nada é o que me resta. Pintar os fantasmas. Viver das aparências alheias. Fantasiar a boa vida que eu não tive.
Acabou a guerra.
Tanta batalha perdida em vão, tantas baixas... Tantos soldados tão jovens tendo seus sorrisos apagados por tantas lembranças tristes. E eu, eu mais morta do que todos eles.
Acabou o dia.
A escuridão está sob os meus pés... Sinto o calor do sol abandonar o céu. Não há estrelas, Mon Cher. Hoje não há estrelas no firmamento. Pinte uma para mim! Vamos! Agora! Eu ordeno!... Perdão, meu pequeno... eu não queria gritar, mas não gosto do céu desse jeito.
Acabou medo.
Não há bela rosa sem grande espinho... Não há caminho tortuoso que eu não possa atravessar. Você vem comigo, querido? Não? Acaso queres me deixar ir só? Não seja cínico, sei bem o que pensas! Vamos! Larga-me a mão que eu sei andar sozinha...
Acabou a vida.
O sol renasce mais uma vez. Estou prestes a desacordar, prestes a dormir o longo sono. Estou só, não nego. Imprudência é o anagrama do meu nome agora... O sol vai me devorar o corpo, mas tantos sentimentos ruins hão de tentar me devorar o juízo antes disso. E quando eu me encontrar com Deus, direi apenas:
“Sei bem porque me abandonaste”
Acabou.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Inocência



Amor, não fica assim. É só uma mente fértil de mulher entediada, de gente que não tem o que fazer e fica imaginando como seriam as coisas que não são.
Amor, não faz birra, cara feia. Olha pra mim... O que tem olhar os homens que passam quando você não está por perto?
Que mal há em não ser fiel em pensamento, se sou completamente fiel de “corpo presente”? Sim, decerto que meus olhos te traem... mas são os olhos. Parte fundamental de meu corpo. Sim... mas não a mais importante.
Vai dizer que nunca me traiu em pensamentos com aquela atriz pornô? Nunca olhou com malícia para aquela vizinha bonita?
Não sei em que você vê indecência em meus pensamentos. Eu adoro chafurdar na lama dos meus devaneios pueris...
Ora, deixa de coisa. Não vejo maldade em imaginar até padre pelado nem em pensar como seria namorar seu vizinho do 202... Imaginação de criança. Só!