A autora deste blog não tem por interesse o compromisso com a seriedade ou discussões aprofundadas sobre qualquer assunto que a faça perder tempo em respostas aos comentários postados e sim abordar pensamentos aleatórios construídos em momentos de extremo ócio em ônibus lotados, filas de banco, salas de aula e discussões idiotas decorrentes destes. Se essa não é sua área de interesse, por favor clicar no xis vermelho no canto superior direito da sua tela.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Sobre a morte*
Não há palavras que me consolem diante da morte, essa fria e indesejada sombra. Não há. Eu jamais poderei aceitá-la a não ser que seja eu o corpo morto, inerte. Assim, eu terei de me acostumar a ideia.
Eu não gosto de pensar sobre ela, de falar sobre ela, de saber sobre ela. Mas dela não se pode fugir, não se pode escapar. Todos nós passaremos por ela. Ela ganhará de cada um de nós e nesse jogo ela sempre será mais forte.
Até lá, eu não me conformo.
Não me conformo porque ela insiste em levar os parentes, os amigos... quem sabe não me levará os amores. Não me conforto. E nenhum “Deus quis assim” vai me confortar. Se Deus quer meu sofrimento, pouco tenho a ver com ele. É inaceitável a ideia de um ser que mate sua própria criação consciente ou que a apavore com as incertezas do pós-morte...
Eu, definitivamente, não a aceito.
Nenhuma ideia de “lugar melhor” me consola. A ideia do esquecimento, do “se acostumar a dor”... todas são em vão. As lágrimas secam, é certo, mas o sentimento volta e revira nossas cabeças. E eu não me acostumo.
O fim é certo, eu sei. Mas morrer não deve ser lá boa coisa se priva aquele que ama de viver entre os seus.
Nem gosto de postar poemas, mas esse é especial:
“Se eu morrer, sobrevive a mim com tamanha força
que acordarás as fúrias do pálido e do frio,
de sul a sul, ergue teus olhos indeléveis,
de sol a sol sonha através de tua boca cantante.
Não quero que tua risada ou teus passos hesitem.
Não quero que minha herança de alegria morra.
Não me chames. Estou ausente.
Vive em minha ausência como em uma casa.
A ausência é uma casa tão rápida
que dentro passarás pelas paredes
e pendurarás quadros no ar.
A ausência é uma casa tão transparente
que eu, morto, te verei, vivendo,
e se sofreres, meu amor, eu morrerei novamente.”
(Se eu morrer, Pablo Neruda)
* Post dedicado a minha dor em relação a súbita retirada de meu pai e de meu amigo Dudu Queiroga do convívio dos seus.
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3 comentários:
Muito verdadeiro.
de que me serve esse deus? pq deveria eu serví-lo?
i will cry... se qualquer coisa eu vier a dizer... por isso, durante tanto tempo eu me falei...
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