“Você precisa decidir se quer
transar ou namorar. Os dois ao mesmo tempo não rola”. Foi isso que ouvi de um
amigo quando lamentei o fato de meus últimos relacionamentos terem sido tão
breves. “Mas isso é muito machismo”, retruquei e ele respondeu: “É machismo, mas o mundo é assim você
aceitando ou não”. Contrariada aceitei. O mundo é realmente assim. E quando
ambos dissemos “mundo”, estava bem claro para nós que não eram todos, mas que a
maioria dos homens ainda pensava assim.
Passei quase uma semana com
aquilo na cabeça. Então, se nós mulheres demonstrarmos interesse em sexo nos
primeiros encontros, o cara pode correr? Bem, se o cara sumir depois disso, ele
é machista e você escapou de ter um relacionamento com um cara que queria te
reprimir já nas primeiras saídas, certo? Certo. Então você deveria ficar
agradecida aos deuses porque eles te livraram de uma enrascada, certo? Nem
tanto assim. Você sabe que o cara é machista, repressor, mas, em vez de ficar
feliz por ele ter sumido, você se lamenta. E o pior se culpa.
Você se culpa por ele não ter
ligado, por ter ignorado suas ligações e mensagens, por ter dado desculpas
esfarrapadas, porque o erro será sempre seu: eu fiz sexo rápido demais, eu não
sou boa de cama, eu não sou legal, eu não sou bonita, eu sou imbecil... É mais
fácil aceitar os defeitos mais horríveis – e ridículos – do que aceitar o
óbvio: Ele não está tão a fim de você. E é mais fácil aceitar que o defeito é
nosso e que podemos muda-lo do que apenas comprovar o que é mais óbvio ainda: o
cara é o maior babaca pau-no-c*!
É aí que penso: Tantas mulheres e
sutiãs foram queimados e tantas são execradas publicamente por defender nosso
direito de sermos livres e a gente aqui preocupada se deve ou não dar no primeiro,
segundo ou terceiro encontro. E tanta evolução, processo civilizatório, anos de
história para os caras ainda dividirem as mulheres em “para transar” e “para
namorar”. Se a gente for analisar um pouquinho, parece que nem sequer chegamos
aos anos 50!
Sei que nem todos os homens e
mulheres pensam assim, mas os que não pensam são exceções à regra. E a gente
acaba confundindo esses homens maravilhosos e raros com os babacas que mentem
sobre o quanto somos especiais e mais uma vez A CULPA NÃO É NOSSA!
Daí, depois de muito pensar,
formulei uma resposta ao comentário do meu amigo: se eu tiver que escolher
entre ser a namorada de um cara que me reprimiu sexualmente desde o nosso
primeiro encontro e ser a vadia que se diverte e se realiza, eu escolho ser uma
vadia solteira e feliz. Não vou passar
uma vida inteira esperando o cara ligar, contando as saídas para ver se é hora
ou não de liberar a preciosa, pensando no que ele vai achar se eu disser isso
ou aquilo.
E quer um conselho? Este dou de
graça: Na dúvida, dê. Se ele estiver mesmo a fim, não vai se importar. Se ele
estiver a fim e mesmo assim se importar, fuja para as colinas porque ele,
definitivamente, não é o cara certo para você.