A autora deste blog não tem por interesse o compromisso com a seriedade ou discussões aprofundadas sobre qualquer assunto que a faça perder tempo em respostas aos comentários postados e sim abordar pensamentos aleatórios construídos em momentos de extremo ócio em ônibus lotados, filas de banco, salas de aula e discussões idiotas decorrentes destes. Se essa não é sua área de interesse, por favor clicar no xis vermelho no canto superior direito da sua tela.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Todos os vícios
Não é todo mundo que pensa ou admite seus vícios. Mas esse é, sem dúvida, um passo importante. Não falo dos vícios corriqueiros, mas daqueles que de alguma forma nos fazem mal. Mas o que dizer se até os que parecem mais inofensivos nos causam pequenos estragos? Ler muito, cansa a vista. Jogar vídeo-game também.
Então falemos daqueles que afetam verdadeiramente nossa saúde, nossa integridade física e mental.
Sinto que a minha geração é perdida. Perdeu-se no caminho para algum lugar entre um blues e um fado e jamais conseguiu se encontrar outra vez. Daí surgiram o pessimismo, as auto-mutilações, as autodestruições e os vícios.
Estamos nos esvaindo em fumaça, em vômito, em sangue. E tudo o que posso afirmar, tudo que eu posso dizer, é que médicos não sabem usar metáforas. Não há uma disciplina específica nos cursos de medicina por aí que ensine eufemismos, metáforas e tantas outras figuras de linguagem.
Tudo o que os médicos podem fazer é receitar. Eles não viciam você, você se vicia sozinho e se mata sozinho. Eles só te ajudam, dizendo em que se viciar. Te dizem o nome do seu próximo carrasco. O nome daquele que irá acabar com seu corpo.
Assim foi a toxicomania de Edith Piaf.
Edith foi muita coisa na vida: menina de rua, trabalhou em fábrica de laticínios, dizem que foi prostituta, a rainha da canção francesa. Mas o que Edith jamais foi, foi saudável. No auge de sua carreira, Edith passou a sofrer com seu reumatismo. A morfina era então o melhor anestésico da época. Edith precisava fazer dinheiro, cantar. O reumatismo não permitia. Mas o reumatismo não era sua pior dor. A dor que mais fazia “La môme” padecer era a falta do seu Marcel, seu amado pugilista, que morrera muito jovem em um desastre aéreo. A morfina amenizava a dor de sua alma que era tanta que precisava a cada dia de mais doses. Viciada em morfina, Edith morreu aos 48 anos, mas tinha aparência de 70.
O lítio é o mais poderoso estabilizador de humor de nossa época. Lítio é o que você tem na bateria do seu celular. Lítio é aquilo que destrói lentamente seu estomago, mas os médicos garantem que “seu humor será estável”.
Minha geração não pensa no futuro, do futuro temos a dúvida, a distância. O porvir? Que venha! Somos como tuberculosos de outros tempos: Tossimos e examinamos o lenço. Tossimos outra vez, examinamos o lenço. Até haver sangue, não há problemas. Bravo! Vamos dando nossos passos torpes, tendo alucinações, mas vamos andando! À frente, sempre à frente. Até trombarmos com o futuro, esse ser sem face e sem coração. Até lá, busquemos o que perdemos. Busquemos...
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Um comentário:
Tão bom que tenho medo até de comentar
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