A autora deste blog não tem por interesse o compromisso com a seriedade ou discussões aprofundadas sobre qualquer assunto que a faça perder tempo em respostas aos comentários postados e sim abordar pensamentos aleatórios construídos em momentos de extremo ócio em ônibus lotados, filas de banco, salas de aula e discussões idiotas decorrentes destes. Se essa não é sua área de interesse, por favor clicar no xis vermelho no canto superior direito da sua tela.
terça-feira, 14 de junho de 2011
Sobre o dia em que vi Deus (Parte II)
Sobre o dia em que vi Deus (parte I)
Estava lá, sozinha, no apartamento do hospital. Neste dia não recebi visitas. Apenas a enfermeira que vinha de hora em hora para observar se o soro já havia acabado. Desolada, me pus a pensar sobre minha condição.
De repente, ouço a porta se abrir. “Decerto, é mais uma vez a enfermeira” – pensei. E contemplei o soro ainda cheio.
“Estou grogue ainda. Por favor, não me diga que estou inquieta para me aplicar mais qualquer coisa que seja. Diga ao médico que estou cansada disso!” – ensaiei meu discurso para a enfermeira. Mas não foi ela que me apareceu e sim, outra vez, o senhor robusto, bem vestido, mas sem o sombreiro. O chapeu grande foi substituído por um bem menor, mais clássico, mais charmoso. Mas que, mais uma vez, não me deixou ver seus olhos.
- O que quer comigo? – perguntei. Ele nada respondeu. Só me olhou (ou deve ter me olhado). Pôs as mãos no bolso e caminhou até a beira da cama. Desandei a falar:
- Já não é o suficiente? Veja, já não sou eu nesta cama. Meu corpo ainda pede pelo que o destrói a tremer descontroladamente. A dor me consumiu inteira, do cume da cabeça aos dedos dos pés. Não tenho nada! Chorei as águas do Gangis, tão salgadas quanto as do mar morto. Não suporto mais isso! E eu não quero seus escapulários. Você sabe o que eu quero! Não vou mais esperar. Acabou!
Ele balançou a cabeça negativamente. E num só puxão, tirou de cima do meu corpo o lençol que me cobria. Nas minhas duas mãos, os revólveres que ele me dera no passado. Tirou-os delicadamente de minhas mãos. Eu nada fiz. O que pudera eu fazer? Era Deus!
- Ainda não. – falou pondo o revólver no cós da calça que usava e cobrindo-os com o paletó.
Voltou-se para a porta e agarrou a maçaneta. Antes dele sair, gritei!
- Espere!
Sua mão pousou sobre a maçaneta e lá se manteve até eu terminar de falar:
- Eu tenho outros meios. Posso utilizá-los quando eu realmente desistir.
- É uma pena você ainda não ter aprendido nada. Eu decido a hora. - Respondeu-me sem sair da posição.
Eu olhei rapidamente para a janela. Ele, ainda na mesma posição, me disse com um certo desdém.
- O prédio do hospital não é tão alto quanto você imagina.
Então saiu. Eu nem podia me mover da cama. Os pensamentos travavam combates em minha cabeça. Minutos depois, a enfermeira entrou.
- Ainda acordada? Você está muito agitada. Vou falar com o médico. – disse ela.
E eu, virando o rosto para o escapulário que se encontrava em cima da mesinha, disse-lhe:
- Vá... e peça algo que me faça adormecer logo.
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4 comentários:
Sou teu Fã na vida e na Arte
Nesse aí tu se separou heim! Até eu virei Deísta. ( sempre fui =D )
Esse deísta aí de cima it's me, DiDi!
ora ora, srta lyla, se a srta fosse boa de ouvido teria me escutado da ultima vez que o encontrou e teria, de uma vez por todas, acabado com a vida desse safado... e então, vc nao precisaria mais de autorizaçao de nenhum outro sr autoritário para nada... agora, pare já de lamentação e fique quietinha nessa cama de hospital - Disse a enfermeira num momento de delírio de sua paciente.
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