domingo, 11 de setembro de 2011

Sobre um novo olhar


Quando as pessoas passam por situações difíceis, tendem sempre a dizer que aquilo foi para um bem maior ou que aprenderam muito com a crueldade dos tempos ruins, que amadureceram, que cresceram espiritualmente e tantas outras coisas. Dizem que Nietzche diz que o que não o mata, o torna mais forte.
Eu sempre acreditei que isso fosse uma tentativa frustrada das pessoas em acharem que ganharam algo entres as perdas. Uma estranha forma de conforto.
Eu já não penso assim. Acredito que podemos aprender sim durante a dor e durante a perda. Não faz muito tempo e eu tive que viver uma das mais terríveis fases da minha vida. Vivi a raiva da dor, senti o gosto amargo dela. Chorei, chorei...
Mas depois de tudo, vejo que nada melhor poderia ter me acontecido. Se você anda sempre de cabeça erguida, não olha aqueles que estão sentados lá no chão. Mas, quando se depara com uma mínima pedrinha, você cai, então pode ver todos os que estão na mesma situação.
Passa a ver a tristeza ali, encravada no fundo do olho daquele rapazinho sorridente. Percebe quando as coisas não estão indo bem com algumas pessoas. Começa a sentir a dor que nem é sua.
Digo sempre que isso é um dom que Deus dá quando lhe tira tudo. É uma recompensa e uma forma de mostrar que existe o outro, tão esquecido por nós. De te dar o enorme prazer de ver quem as pessoas realmente são. Pode ser dolorido, não nego. Demora-se a aceitar e demanda tempo e (muitas vezes até dinheiro), mas a recompensa pode ser magníficas.
De início, a raiva nos toma conta. Depois aprendemos que nada acontece por acaso, por mais clichê que isso soe.
Espero que se você, leitor, estiver passando por algo do tipo, pese os custos e benefícios de todo o seu sofrimento e tente entender que os seres se adaptam. Acredite: Sofrer pode ser o principal meio para aprender as coisas que são realmente importantes da vida.
Ou você pode usar isso como desculpa para se conformar. Daí é por sua conta.

Um comentário:

Martha Melquíades disse...

Marília,

Você tem um dom: se revelar através de textos de forma verdadeira, nua, honesta, e, ao mostrar sua humanidade, consegue atingir várias pessoas que com seu texto se identificam. Grandes escritores são assim.

Porém, meus parabéns não são pelo escrito, mas pelo amadurecimento pessoal que ele revela.
Rever conceitos e experimentar conhecer o outro lado é fundamental.
Enxergar as pessoas com olhos de amor, e não com os da crítica, bem como não utilizar o sofrimento como justificativa para erros, mas como desafio para um progresso necessário ao ser humano - por mais dolorosa que seja a decisão de amadurecer com tudo o que recebemos - só fará bem a você e às pessoas ao seu redor.
Isso é o que me fez admirá-la.

Parabens, Marília!
=*